Padre Santo




Nossa Igreja
  • Voltar






23/08/14
MANEIRA DE OFERECER A SANTA MISSA E O VALOR DA OBLAÇÃO




          DA MANEIRA DE OFERECER A SANTA MISSA E DO VALOR DA OBLAÇÃO

          ( Oblação significa, ação pela qual se oferece alguma coisa a Deus. Oferecimento. )

 

         Caro leitor, leia este capítulo com grande atenção; grava-o, profundamente, em tua memória, segue os conselhos que encerra, e tirarás do santo Sacrifício, imenso proveito.

         Já ficou dito que a Santa Missa, único sacrifício do cristianismo, é um Ato de Adoração, uma oferta divina. O grande Sacerdote, o verdadeiro Sacrificador, é Nosso Senhor Jesus Cristo. Depois Dele vem o celebrante, o instrumento que Lhe empresta as mãos e a boca. Em terceiro lugar, vêm os assistentes, que mandam celebrar a Santa Missa, os que oferecem os objetos necessários ao culto, enfim, todos os que, impedidos por ocupações de assistir, se unem, espiritualmente, aos assistentes.       

         Todos oferecem, em certo sentido, a Divina Vítima e participam dos frutos desta preciosa oferta. Sem a oblação do Divino Sacrifício, nem mesmo ouvirias a Santa Missa como deves: porque ouvir a Missa não é somente assisti-la, é oferecer o Sacrifício em união com o Sacerdote e pelas mãos do Sacerdote. Por conseguinte, os fiéis que, na Santa Missa, se entregam a toda sorte de devoções particulares, sem se ocuparem da oblação do Santo Sacrifício, privam-se de um número infinito de graças.

         Não acharás, certamente, inútil que te expliquemos, minuciosamente, a maneira de oferecer a Deus o Santo Sacrifício.

         Supõe que uma pessoa recite, devotamente, muitos terços, oferecendo-os a Jesus Cristo e à Sua Santíssima Mãe, enquanto outra pessoa assiste a uma só Missa, oferecendo-a. Qual das duas, pensas, dará mais e será  mais profusamente, recompensada? Sem dúvida, a segunda. Pois, que oferece a primeira? Uma prece, muito santa, ensinada, na maior parte, por Jesus Cristo e por seu Anjo, mas que tem todo o valor da piedade pessoal da pessoa que reza, e fica, por conseguinte, muito imperfeita. Que se oferece, porém, na santa Missa? Um dom absolutamente sobrenatural, perfeitíssimo, divino: o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, Suas lágrimas, Sua morte, Seus méritos.

         Dir-me-ás, talvez: A pessoa que oferece os terços oferece um dom que ela própria adquiriu, ao passo que, na Santa Missa, oferecem-se méritos que pertencem a Jesus Cristo. Afirmamos, porém, de novo: Aquele que oferece a Santa Missa, oferece um bem próprio, porque, pelo Sacrifício não cruento da Santa Missa, recebem os frutos do Sacrifício cruento na Cruz.

         Que imenso favor, pois, é aquele com que o Senhor te enriquece, quando, na Santa Missa, te constitui espiritualmente Sacerdote e te concede o poder de oferecer a Deus, Seu Pai, segundo a maneira dos Sacerdotes, não só por ti, como pelos outros. É neste sentido que o celebrante diz depois do "Sanctus": "Lembrai-Vos, Senhor, dos Vossos servos e servas e de todos os circunstantes, pelos quais Vos oferecemos, e eles mesmos Vos oferecem este sacrifício de louvor por si e por todos os seus amigos, benfeitores, vivos e mortos".

         Para esta cooperação, o Sacerdote já convidou os fiéis no "Orate fratres", dizendo: "Orai, meus irmãos, para que meu sacrifício, que é também o vosso, seja agradável a Deus Padre Todo Poderoso".

         Em outras palavras: Este sacrifício vos pertence tanto quanto a mim, é tanto obra vossa quanto minha; peço-vos que me ajudeis a oferecê-lo.

         Depois da "Elevação do cálice", o Sacerdote diz: "Portanto Senhor, nós, Teus servos e Teu povo santo, oferecemos à Tua Gloriosa Majestade, de Teus mesmos dons e benefícios, esta Hóstia Pura, Hóstia Santa, Hóstia Imaculada. Pão Santo da vida eterna, Cálice da Salvação Perpétua".

         Tua cooperação pela oblação é, pois, muito real, o celebrante conta com ela. Se não lhe aceitares o convite e não unires a voz e o coração à sua ação, enganá-lo-ás em sua expectativa e a ti mesmo, privando-te do benefício da oblação.       

         "Aqueles, diz o bispo Fornero de Hebron, que deixam de oferecer a Santa Missa por si e pelos seus, privam-se dum imenso benefício". É, pois, igualmente um ato de injustiça para contigo mesmo faltar à Missa ou não oferecê-la quando a assistires. O oferecimento é a melhor das práticas; quanto mais o renovares, mais alegrarás o Céu, maior número de dívidas pagarás, maior glória futura adquirirás.       

         Dizer a Deus: Eu Te ofereço, significa na Missa: Eu Te pago, com o ouro dos merecimentos de Jesus Cristo, o resgate de meus pecados, os bens celestes, o livramento das almas do Purgatório.

         É verdade que se pode dizer, fora da Santa Missa, a qualquer hora e com muita vantagem: "Senhor, eu Te ofereço Vosso caro Filho, Te ofereço Sua dolorosa Paixão e Morte, Seus méritos". Entretanto, esta oblação não é senão espiritual, enquanto que, na Santa Missa, é real. Aí Jesus Cristo está realmente, presente e com Ele Suas virtudes e Seus méritos; aí se imola de novo e renova Sua Paixão e Sua Morte, nos dá Seus méritos, a fim de que os ofereçamos a Seu Pai Celeste.

         Santa Mechtildes ouviu, uma vez, durante a Santa Missa, Nosso Senhor lhe falar desta forma: "Concedo-te Meu amor divino, Minha oração e Minha Paixão, a fim de que possas Me oferecer por tua vez. Dai-Me, Eu te as restituirei multiplicadas, e, toda vez que Me ofereceres, novamente as duplicarei. É assim que o homem recebe o cêntuplo no tempo e uma glória infinita na eternidade" (Lib. Revelation I, cap. 14).

         Entre todas as orações da Santa Missa, diz Sanchez, nenhuma é mais consoladora do que a que se segue à elevação do cálice, quando o Sacerdote oferece ao Pai celeste o "Cordeiro" Imaculado, dizendo: "Senhor, nós, que somos Vossos servos e Vosso povo santo, oferecemos à Vossa sublime Majestade, a Hóstia Pura, a Hóstia Santa, a Hóstia Imaculada, etc.". Chama o povo, isto é, os assistentes, santos, porque são santificados pela santa Missa, conforme a palavra de Jesus Cristo: "Eu Me santifico por eles, a fim de que sejam santificados na verdade" (Jo. 22, 19).

         Ele os santifica pela "aspersão do Sangue Divino", como diz o Apóstolo São Paulo (Heb. 13, 12).          

Quão preciosa é a Hóstia Pura, Santa, sem mácula! É a Carne Puríssima, a Alma Santíssima, o Sangue Imaculado de Jesus! A que pode se comparar esta oferta, se a terra inteira não é senão um grão de poeira ao Seu lado! Que dizemos? A imensidade do Céu nada contém de mais precioso. O que dás ao Deus Onipotente, oferecendo esta Hóstia, é o dom perfeitamente digno de Sua Majestade Infinita, é seu Filho com Sua humanidade santa, é o próprio Deus!

         Se todos os súditos de um monarca poderoso oferecessem a seu soberano, em testemunho de seu amor e fidelidade, por embaixadores escolhidos, uma taça artística do ouro mais puro, ornada de pedras preciosas de inestimável valor, a satisfação e o reconhecimento do príncipe seria, sem dúvida, muito grande. Se porém, esta taça contivesse uma joia do valor de um reino, a admiração e alegria do rei seriam ainda mais profundas. Na santa Missa, porém, oferecemos ao Altíssimo a humanidade de Jesus Cristo, isto é, o que Sua mão onipotente criou de mais excelente e mais sublime. Eis a taça preciosa; a joia de um valor incomparável que encerra, é a divindade do Salvador; é nele que "reside a plenitude da divindade" (Col. 2, 9).

         Propriamente falando, não é a divindade, mas a humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo que oferecemos à adorável Trindade; as duas naturezas, porém, são estreitamente unidas, e nunca realmente separadas, de sorte que as oferecemos juntas. Que satisfação para o Pai Eterno quando recebe de tuas mãos este dom incomparável, aquele do qual disse: "É Meu Filho predileto em quem pus todas as Minhas complacências!" (Mt. 3, 17). Avalia a recompensa que te espera em troca, e a soma de dívidas que pagas por esta preciosa oferta.

         Henrique I, rei da Inglaterra, ouvia, todos os dias, três Missas, ajoelhado ao pé do altar. Chegado o momento da Consagração, aproximava-se do celebrante e sustentava-lhe os braços durante a elevação do Corpo e Sangue de Nosso Senhor. Era a maior consolação do piedoso monarca. Se houvesse ainda este piedoso costume, qual não seria a tua pressa em tomar lugar junto ao Sacerdote! Deus Se contenta, porém, com teu desejo, dize-Lhe somente do íntimo do coração: "Senhor, ofereço-Vos Vosso caro Filho pelas mãos do Sacerdote". Deus muito bem saberá interpretar-te a intenção.

         À oferta da Santa Hóstia é preciso unir à do Preciosíssimo Sangue. É um meio excelente de salvar as almas. Lê-se, na vida de Santa Maria Madalena de Pazzi, que o próprio Senhor a instruíra neste assunto, fazendo-lhe conhecer quanto a oferta de seu Precioso Sangue é própria para apaziguar a cólera de Deus. O Divino Salvador Se queixava do pequeno número dos que trabalham para acalmar a Justiça de Seu Pai Celeste, e exortava à santa a aplicar-se a isto. Desde então, ela oferecia o Preciosíssimo Sangue até cinquenta vezes por dia, pelos vivos e pelos mortos; e seu celeste Esposo lhe mostrou, muitas vezes, as almas que tirava do Purgatório por este meio.

         "Quando ofereces o Precioso Sangue ao Pai Celeste, diz a mesma Santa, Lhe ofereces um dom tão agradável, que Ele Se reconhece teu devedor". Como efeito, que haverá, no Céu e sobre a terra, que iguale em valor, o Precioso Sangue, do que diz São Tomás de Aquino, uma só gota vale mais que um mar de Sangue dos Mártires; do qual uma só gota seria assas poderosa para purificar o mundo de todos os pecados! Por conseguinte, se, em troca da oferta do Precioso Sangue, Deus te concede o Céu, não te retribui um bem de igual valor?

         Se tivesses presenciado a Crucificação do Divino Salvador e recolhido o Sangue adorável que Lhe corria das Chagas Sagradas, e tivesses elevado este Precioso Sangue ao Céu, implorando misericórdia para ti e para o gênero humano, o Pai celeste ter-Se-ia enternecido, sem dúvida; todos os teus pecados teriam sido perdoados. Ora, é isto que fazes quando, durante a Santa Missa, ofereces o Preciosíssimo Sangue ao Deus Altíssimo.



www.derradeirasgraças.com


Artigo Visto: 2079